Artropatia do manguito rotador
A artropatia do manguito rotador é um tipo de artrose gerada pela lesão extensa e crônica do manguito rotador. Artrose é um desgaste da cartilagem, fazendo com que a superfície articular não seja mais lisa, levando a atrito, dor e perda de movimento do ombro. Nas lesões extensas do manguito rotador a articulação do ombro começa a ficar instável e seu funcionamento fica desequilibrada. Com a perda do suporte dos tendões do manguito rotador a cabeça do úmero tende a ascender pelas forças geradas pelo músculo deltóide. Essa migração para uma posição mais superior da cabeça do úmero faz com que as pressões existentes nas cartilagens do úmero e da glenóide fiquem anormais, se concentrando em alguns lugares, , além disso a cabeça do úmero começar a ter atrito com o acrômio, levando com o tempo ao desgaste da cartilagem. O termo artropatia do manguito rotador é utilizado quando a cabeça umeral já ascendeu e já existe o desgaste da cartilagem.
Pacientes com artropatia do manguito rotador na grande maioria das vezes já apresentam dores no ombro de longa data. Tal doença é o resultado final de uma lesão do manguito rotador. Conforme a doença progride o paciente tem seus sintomas piorados. A dor fica mais intensa e mais freqüente e a função do ombro vai caindo progressivamente, perdendo força e amplitude de movimento.
A radiografia é suficiente para o diagnóstico, já que apresenta alterações típicas. A ressonância magnética é útil para avaliar as condições dos tendões e da cartilagem, ajudando na escolha do tratamento.
A melhor forma de tratamento da artropatia do manguito rotador é a sua prevenção, sendo realizada de algumas maneiras:
- Tratar precocemente a síndrome do impacto; saiba mais sobre a síndrome do impacto
- Tratar precocemente as lesões do manguito rotador para evitar que se transformem em lesões extensas e irreparáveis; saiba mais sobre as lesões do manguito rotador
- Presente uma lesão extensa e irreparável, realizar trabalho fisioterápico para fortalecimento e equilíbrio do manguito rotador, na tentativa de se evitar a ascensão da cabeça umeral.
Uma vez instalada a artropatia do manguito rotador existem algumas formas de tratamento.
Inicialmente sempre deve ser tentado uma melhora do quadro de dor e perda de função com medidas conservadoras. Medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios e infiltrações podem ser usados para controle da dor, além de medidas não medicamentosas como a acupuntura e a fisioterapia. A fisioterapia é muito importante não só para controle da dor mas também para ganho de função, tentando ganhar mobilidade e força do membro. Alguns pacientes apresentam melhora considerável com essas medidas, devendo continuar realizando-as, já que tal doença tem caráter progressivo e a lesão estrutural da cartilagem não regride. Para os pacientes com pouca melhora, que apresentem dores de difícil controle, existem duas opções. A primeira seria realizar uma artroscopia para uma limpeza articular de corpos livres, tecidos inflamados e tentar realizar reparos parciais dos tendões remanescentes. Tal opção é menos agressiva, em alguns casos consegue aliviar bastante os sintomas, porém na maioria das vezes os sintomas acabam voltando com o tempo. A outra opção é realizar uma prótese reversa do ombro. A prótese convencional do ombro não possui bons resultados na artropatia do manguito rotador, já que ela necessita de um bom funcionamento do manguito rotador.
Prótese convencional
Prótese reversa
A prótese reversa do ombro recebe esse nome por sua conformação ser diferente da conformação da articulação normal do ombro. O ombro normal possui a cabeça umeral, que funciona como uma bola, e a glenóide, que funciona como uma bandeja / taça. Na prótese reversa isso é invertido, a glenóide faz a função de bola e o úmero de taça. Nessa conformação o músculo deltóide consegue sozinho realizar a elevação do braço, não sendo necessário a integridade do manguito rotador. Tal prótese apresenta uma melhora importante da dor e da função, porém seu índice de complicações, como soltura, é alto, devendo ser indicada apenas para pacientes com sintomatologia importante e que já tenha tentado outras medidas sem sucesso.